quarta-feira, 17 de julho de 2013

NELSON MANDELA COMPLETA 95 ANOS NESTA QUINTA-FEIRA, AINDA INTERNADO EM HOSPITAL EM PRETÓRIA; EM TODO O PLANETA SE COMEMORA O "MANDELA DAY"

Edição: Adilson Gonçalves 
Fonte: Portal Terra
O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela completará seus 95 anos nesta quinta-feira em um hospital de Pretória, onde está hospitalizado desde 22 de junho em estado crítico, enquanto o mundo inteiro se prepara para homenageá-lo celebrando o "Mandela Day".
Desde 2010, a ONU comemora em 18 de julho o Dia internacional em homenagem ao herói da luta anti-apartheid, retomando uma ideia nascida na África do Sul. Cada cidadão do mundo é chamado a dedicar simbolicamente 67 minutos de seu tempo à serviço da coletividade, em memória aos 67 anos que Mandela dedicou à luta pela igualdade racial.
Na África do Sul, uma associação vai varrer as ruas, voluntários vão pintar escolas, crianças de todo o país vão cantar "Feliz aniversário" às 8h (3h no horário de Brasília), e cada político será fotografado em uma obra de caridade. Este aniversário será especialmente emocionante, com o ícone mundial da reconciliação racial entre a vida e a morte há semanas.
As últimas notícias parecem um pouco mais otimistas. Alguns familiares têm dito que ele "responde ao tratamento" e que reconhece as visitas. Sua esposa Graça Machel disse nesta quarta-feira estar "um pouco menos ansiosa" que na semana passada.
"Espero que mesmo se ele não puder aproveitar seu 95º aniversário, que esteja bem para seu 96º", declarou à AFP seu amigo de longa data George Bizos, advogado que o defender nos tribunais do apartheid.
- Mandela foi preso em 1962, ao retornar de uma viagem ao exterior tida como ilegal. Em 1963, ele e outros foram acusado de sabotagem e de outros crimes equivalentes ao de traição, mas mais fáceis de serem provados. E eles, de fato, admitiam seu envolvimento em ataques.

O caso ficou conhecido no mundo todo como Tribunal de Rivonia, e o discurso que Mandela fez, no fim da sessão, foi um dos mais importantes da sua carreira.
Disse: “Durante minha vida, eu me dediquei à luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca e contra a dominação negra. Nutri a ideia de uma sociedade democrática e livre na qual todos vivem juntos em harmonia, com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e que espero alcançar. Mas, se preciso for, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”. Relata bizos.

Os detratores espalharam boatos de que um negro jamais poderia ter escrito aquele discurso. Mas eles se esqueciam de que Mandela era um advogado.
Para os familiares, o aniversário também será marcado pela recente disputa envolvendo o neto mais velho de Mandela, que foi levado à Justiça por outros parentes por ter transferido, sem autorização, três lápides de três filhos do ex-presidente para o seu próprio vilarejo.
Mandla Mandela é acusado de querer criar um centro turístico em seu vilarejo com o nome de Mandela. Acuado, ele contra-atacou revelando segredos de família, durante uma coletiva de imprensa. "Era algo que não gostaríamos que fosse revelado publicamente", declarou a neta do herói nacional, Ndileka, em uma entrevista publicada nesta quarta-feira pela BBC.
O Mandela Day se tornou um dia importante para a maioria dos sul-africanos, e uma recente pesquisa revelou que 89% dos jovens planejam participar de ações de caridade. Mesmo o presidente Jacob Zuma, em nome da reconciliação iniciada por Mandela, entregará a chave de casas populares a famílias brancas pobres.
Mandela, que permaneceu 27 anos na prisão pelo regime segregacionista do apartheid, foi libertado sem uma palavra de vingança. Libertado em 1990, ele negociou com o poder uma transição doce para a democracia. Uma vez presidente, em 1994, nunca tentou humilhar ou desfavorecer a comunidade branca.
"Nunca na história da Humanidade, alguém foi reconhecido universalmente ainda em vida como a encarnação da magnanimidade e da reconciliação", declarou o ex-arcebispo anglicano Desmond Tutu, também prêmio Nobel da Paz por sua resistência ao apartheid.

terça-feira, 16 de julho de 2013

ABSOLVIÇÃO DE VIGIA QUE MATOU O ADOLESCENTE NEGRO TRAYVON MARTIN NOS ESTADOS UNIDOS REABRE ANTIGAS FERIDAS RACIAIS NO PAÍS

 MANIFESTAÇÕES ESTÃO PREVISTAS PARA O PRÓXIMO SÁBADO.
TEMENDO O PIOR, PRESIDENTE BARACK OBAMA PEDE CALMA À POPULAÇÃO
Edição: Adilson Gonçalves Fontes: Exame,  G1

A absolvição do vigia branco George Zimmerman, acusado de matar o jovem negro Trayvon Marin na Flórida, reacendeu o estigma racial nos Estádios Unidos, levando o presidente Barack Obama a pedir calma à população. No último domingo, dia 14, milhares de pessoas foram às ruas em Nova York, Los Angeles, Chicago e Atlanta, entre outras cidades, para protestar contra o polêmico veredicto alcançado por um júri composto por seis mulheres (cinco brancas e uma de origem hispânica), que declarou Zimmerman, de 29, inocente da morte de Trayvon Martin, de 17.
Outros protestos estão marcados para o próximo sábado, dia 20 de julho em 100 cidades dos Estados Unidos. “Haverá manifestações diante de prédios federais, para pressionar o governo e defender nossos direitos cívicos”, anunciou Al Sharpton, líder da Rede de Ação Nacional (National Action Network, NAN), organização de defesa dos direitos cívicos. Ele se declarou confiante de que o governo federal vá rever o caso.
Pelo menos seis pessoas foram detidas em Los Angeles na madrugada desta segunda, quando forças policiais dispersaram uma 'concentração ilegal' que acontecia em Hollywood, perto do prédio da rede CNN. Outras 15 pessoas foram presas em Nova York, a maioria por desordens, segundo a polícia. Todas foram liberadas depois.

O julgamento que terminou no sábado, em Sanford, centro da Flórida, dividiu o país entre os que acreditam que Zimmerman, um americano de mãe peruana, agiu em legítima defesa e aqueles que pensam que o vigia foi motivado por preconceito racial contra Martin. Zimmerman foi acusado de perseguir e atirar em Martin, que estava desarmado, durante uma briga entre os dois na noite de 26 de fevereiro de 2012.
'É uma vergonha que, em 2013, tenhamos um veredicto que legitima o assassinato de um negro porque se aceita o uso das armas de um civil contra outro', disse à AFP Amanda Hooper, uma jovem estudante de Nova York que estava de visita a Sanford e acompanhou as manifestações na frente do tribunal.
No domingo, após a explosão dos protestos, o presidente Obama pediu calma.
'Sei que esse caso provocou intensas paixões. No dia seguinte ao veredicto, sei que essas paixões podem se intensificar. Mas somos um estado de direito, e um júri falou', afirmou Obama, em nota à imprensa.
SUPREMACIA BRANCA
No ano passado, o caso já havia provocado manifestações em massa em várias cidades do país, que fizeram o presidente desabafar: 'Se tivesse tido um filho, ele seria parecido com Trayvon'. Na época, Obama convocou um debate sobre o racismo e a lei de armas da Flórida, que ampara a defesa pessoal.

Em contrapartida, o veredicto de sábado foi aplaudido por defensores das armas, por todos aqueles que apoiam a lei conhecida como 'Stand Your Ground' ('Defenda sua posição', em tradução livre). Essa lei permite o uso de armas por parte de quem se sentir ameaçado de morte.
Até o momento, os moradores da Flórida reagiram com calma. No sermão de domingo, as igrejas incluíram mensagens de paz pelo veredicto, além de pedir que a luta por justiça seja travada nas instâncias adequadas.
Valerie Houston, uma influente pastora da igreja Allen Chapel AME em Goldsboro, o bairro negro de Sanford, citou o líder Martin Luther King em seu
O algoz e vítima
sermão de domingo, para lembrar que 'a violência (em resposta) à violência apenas traz ódio'. Ainda assim Valeria declarou que, com a decisão judicial, 'o dia a dia do meu povo ainda está escravizado pela sociedade da supremacia branca'.
Os pais de Trayvon Martin, ausentes durante o veredicto, pediram manifestações pacíficas, citando Martin Luther King e a Bíblia.
DÚVIDA RAZOÁVEL
As juradas que absolveram Zimmerman da acusação de assassinato em segundo grau - com a possibilidade de pena de prisão perpétua - e homicídio culposo - pena máxima de 30 anos de prisão - não explicaram as razões de seu veredicto, porque isso implicaria revelar sua identidade publicamente. O tribunal respeitou a escolha das integrantes do júri de manter o anonimato.
A decisão das juradas se baseou nas 27 páginas de instrução entregues pela juíza Debra Nelson, que incluíam duas seções com uma opção para declarar o réu inocente: uso justificado de força letal e dúvida razoável.
Juíza Debra Nelson
ao proferir a sentença
Antes do início das deliberações, na sexta-feira, a juíza disse ao júri que, segundo a lei da Flórida,'o homicídio de um ser humano é justificável e lícito, se for necessário, quando se resiste a uma tentativa de assassinato, ou se comete um crime grave em relação a George Zimmerman'. A Flórida é o estado com maior número de pessoas armadas nos Estados Unidos.
Durante quase três semanas, as seis integrantes do júri ouviram dezenas de depoimentos que podem ter criado uma 'dúvida razoável'.
'George Zimmerman não é culpado, se existe uma 'dúvida razoável' de que agiu em legítima defesa', disse o advogado Mark O'Mara às seis integrantes do júri na sexta-feira, antes que começassem a deliberar. Ele insistiu nessa tese, quando comemorou o veredicto no sábado à noite.
MORTE TRÁGICA E DESNECESSÁRIA
Holder: "Morte desnecessária"
No domingo, o Departamento de Justiça lembrou que há um ano continua aberta uma investigação federal sobre o caso e que pretende rever a possibilidade de uma ação civil.
Já o procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, lamentou a 'trágica, desnecessária' morte de Martin.
'Independentemente da determinação legal que foi adotada, acho que essa tragédia oferece uma nova oportunidade para a nossa nação falar honestamente sobre os problemas complicados e emotivos que esse caso apresentou', afirmou.
O governo deixou claro que manterá distância da polêmica e que Barack Obama não vai interferir na investigação federal sobre a morte de Trayvon Martin, declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
'Essa é uma decisão tomada pelo Departamento da Justiça, pelos promotores com experiência', afirmou Carney, em sua conversa diária com a imprensa, acrescentando que 'esse não é um caso, no qual o presidente esteja envolvido'.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

PROFESSORA NEGRA GANHA PROCESSO DE CRIME RACIAL CONTRA DIRETORA DE ESCOLA MUNICIPAL QUE A CHAMOU DE MACACA EM SÃO PAULO

Edição: Adilson Gonçalves
A professora e pedagoga de Ciências Sociais, Neusa Maria de Marcondes
ganhou na justiça o processo de crime de racismo contra a
diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Benedito Calixto,
Francisca Silvana Teixeira. A sentença saiu no dia 6 de julho em São
Paulo.A professora explicou que foi agredida verbalmente pela diretora por
ser negra. “Ela [a diretora] me chamou em sua sala para eu assinar um
documento, e disse dessa forma: `vem aqui assinar o documento, sua
macaca´. Eu sou militante, sindicalizada e atuo no movimento negro
(…), não podia de maneira nenhuma deixar que esse ato desrespeitoso
passasse impune”, enfatizou.
Em março de 2009, a professora entrou com processo de crime racial
contra a diretora e esperou sair a sentença para vir a público. Nesse
período, muitos diziam para ela desistir, pois o processo não iria dar
em nada e que desculpasse a diretora. Neusa não esmoreceu e prosseguiu
com a iniciativa. A diretora foi condenada a um ano de reclusão, pena reduzida para
trabalhos na comunidade. “Infelizmente nesse país ninguém vai preso,
mas eu vou continuar lutando contra a impunidade”.

 Neusa disse que além do processo criminal, vai exigir uma posição da
Coordenadoria de Educação de Itaquera (SP) e da Ouvidoria da
Secretaria de Educação sobre o caso.

 A professora espera que as pessoas tenham coragem de se rebelar
contra qualquer tipo de preconceito. “Quem sofre com a homofobia,
racismo ou machismo, têm que reagir, não podemos sofrer calados,
enquanto aceitarmos o preconceito não conseguiremos nada, precisamos
lutar e não nos deixar diminuir”, desabafou. Neusa informou que infelizmente existe o preconceito com os negros noBrasil, de maneira velada, mas existe. “O que é ser negro no Brasil? Éser discriminado e subjugado. Nós precisamos ser fortes para superar
tudo isso (…) temos que ser guerreiros e continuar lutando. Esse
processo de crime racial que ganhei na justiça é uma vitória não só
minha, mas de todo o movimento negro”, finalizou.

MULHERES E NEGROS SÃO A MAIORIA NO SETOR DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO

Edição: Adilson Gonçalves Fonte EBC
Rio de Janeiro - Uma das atividades econômicas que mais empregam trabalhadores com baixa qualificação, o setor de asseio e conservação é composto principalmente por mulheres e negros, das classes D e E. O perfil profissional da categoria está descrito na pesquisa A Força do Setor-RJ, do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio de Janeiro (Seac-RJ). Na avaliação do coordenador de Mercado de Trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Gabriel Ulissea, a pesquisa demonstra que entre a população com menos escolaridade, mulheres e negros estão "sobrerrepresentados".
Ele explica que por motivos históricos e culturais, determinados perfis são predominantes em setores da economia. "As mulheres têm tradicionalmente inserção mais pronunciada em certos tipos de ocupação, como trabalho doméstico, prestação de serviços e serviços de baixa qualificação, embora isso esteja mudando."
Segundo o economista, o trabalho no setor também atrai mais mulheres porque tende a ser menos intensivo em horas. "São jornadas que podem não chegar a 8 horas (diárias), ou mais, onde é possível trabalhar em tempo parcial, e isso facilita a inserção de mulheres", disse. De acordo com Ulissea, o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos também é uma preocupação delas. Segundo a pesquisa do Seac, as mulheres são 92% da mão de obra de limpeza e conservação.
Em relação à presença de negros no setor, que chegam a 62% dos empregados no Rio, o economista disse que há uma dificuldade de apontar a discriminação como um fator que atrapalha as contratações. No entanto, Ulissea explicou que, por estarem em maior quantidade entre a população mais pobre, os negros tendem a ter uma educação de menor qualidade.

"Como negros e mulheres negras, principalmente, estão sobrerrepresentados entre os mais pobres, é mais provável que tenha tido uma escolaridade de menor qualidade. Tem também a questão do ambiente familiar, se mora em comunidade, ou não. Ou seja, há uma série de componentes que se confundem", disse. Para ele, a situação confirma "uma clara desigualdade de oportunidades".

NELSON MANDELA ESTÁ CONSCIENTE E RESPONDE ESPONTANEAMENTE, INFORMA NETO DO EX-PRESIDENTE

Edição: Adilson Gonçalves Texto: Renata Giraldi* - EBC
*Com informações da emissora multiestatal de televisão, Telesur e da Presidência da República da África do Sul.

Brasília - Hospitalizado há 38 semanas, o ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela, de 94 anos, está consciente e responde espontaneamente quando lhe fazem perguntas, segundo seu neto Ndba. "Meu avô está animado e responde positivamente quando falam com ele", disse Ndba. O ex-presidente da África do Sul Thabo Mbeki, que acompanha o tratamento de Mandela, disse que ele poderia ter recebido alta médica para continuar a recuperação em casa.
"Sei que os médicos estão tratando muito bem [dele] e fazendo um trabalho excelente", disse Mbeki. "Estou bastante confiante de que Madiba [apelido de Mandela cujo significado é Conciliador] terá alta", acrescentou ele, que sucedeu Mandela no poder de 1999 a 2008.
Madela foi internado há cinco semanas, em 8 de junho, devido a uma infecção pulmonar crônica. Segundo o neto Ndba, o estado de Mandela permanece "grave, mas estável". A três dias de comemorar 95 anos, o ex-presidente é esperado para as celebrações na África do Sul.
O governo pede à sociedade que mantenha as orações e a confiança no restabelecimento de Mandela. Há uma campanha nacional elencando as principais realizações do líder que combateu o apartheid [regime de segregação racial] e, por isso, passou 27 anos preso.
"Um movimento global de mudança positiva começa com pequenas ações, a partir de como cada pessoa age e isso estimula a mudança positiva, sensibilizando e expandindo os valores de Mandela, na luta contra a injustiça, ajudando as pessoas em suas necessidades e praticando a reconciliação", diz a campanha nacional do governo sul-africano.
A campanha reúne possibilidades de as pessoas contribuírem com os projetos de prevenção ao HIV/aids, apoio a clínicas de doentes mentais e terminais, doações de brinquedos e livros, entre outras ações. A finalidade é que os sul-africanos vivam os valores da Constituição, que prevê os direitos de todas as pessoas que vivem no país, além de afirmar valores democráticos da dignidade humana, igualdade e liberdade para todos.