segunda-feira, 10 de junho de 2013

EM CLIMA DE BASTANTE COMOÇÃO, CORPO DE AUGUSTO OMULU É ENTERRADO NA BAHIA

 Edição: Adilson Gonçalves Fonte e Fotos  G1
O coreógrafo e bailarino baiano Augusto Omolú foi enterrado no fim da manhã desta terça-feira (4), em Salvador. Amigos e familiares prestaram as últimas homenagens ao dançarino com música afro no cemitério Ordem Terceira de São Francisco, na Quinta dos Lázaros.
Augusto Omolú tinha 50 anos e era professor, bailarino e um dos coreógrafos do Balé do Teatro Castro Alves. O corpo de Augusto Omolú foi velado no foyer do TCA, no Campo Grande.
O diretor do Balé Folclórico da Bahia, Váva Botelho, falou ao G1 sobre a importância artística de Omolú para a dança baiana e também para cultura afro. O grupo artístico fará uma homenagem ao coreógrafo e bailarino no noite desta terça, na Escola de Dança, no Pelourinho.
"Hoje a Escola de Dança vai fazer uma homenagem a ele. Vai apresentar uma coreografia que ele montou há 25 anos, a primeira do Balé Folclórico da Bahia, que se chama 'Dança de Origem'. Foi um trabalho extremamente importante, precursor da dança afro brasileira, marcou as mudanças na dança afro, que deixou de ser apenas a folclórica", disse. A montagem será apresentada às 18h30 e será aberta ao público.
Elis Razek falou sobre a importância do irmão para a arte durante o velório, na segunda-feira, e lamentou a ausência que ele fará à família.
"Eu, como irmã de Augusto, não digo que é uma perda só da família. A arte em si perdeu. A vida inteira o que ele fez foi capacitar e levantar a bandeira da paz. Ele que formou, idealizou projetos, passou por todos esses palcos da Bahia, não se contentou com isso, foi para lá para fora e a gente vê a violência tirar ele dessa forma. O que tenho a dizer é que agora continua o espetáculo. Que os discípulos dele leve adiante o que Augusto pregava bem, que é a dança de uma forma simples, clara, didática. Eu acho que isso é que ele quer. Enquanto existir memória vai existir Augusto Omolú", declarou a irmã Elis Razek.
Joelson dos Santos, titular da 23ª delegacia, que investiga o caso ao lado do Departamento de Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), informou que já ouviu algumas testemunhas e que, com isso, conseguiu coletar informações importantes para elucidar o crime, mas que prefere ainda não divulgá-las à imprensa para não atrapalhar as investigações.
O titular afirmou que foi pessoalmente ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para solicitar celeridade no resultado dos laudos periciais, que vão apoiar o inquérito policial. A polícia investiga se ocorreu latrocínio, roubo seguido de morte; crime passional ou vingança. Ele foi achado morto no dia 2 de junho (domingo), de bruços, entre a sala e a cozinha da casa, trajando apenas uma cueca branca. O crime ocorreu no sítio em que ele morava, no bairro de Buraquinho, na cidade de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.
Protesto
Mais de 100 pessoas, entre amigos, familiares e artistas, se reuniram na manhã de segunda-feira (3), na porta da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) em manifestação contra a morte do coreógrafo e bailarino Augusto Omolú.
Com faixas e fotos do artista, o grupo de manifestantes seguiu para o Campo Grande com o objetivo de chamar atenção das autoridades para a violência na capital baiana e redondezas.
Notas de pesar
Após o assassinato de Omolú no domingo, órgãos culturais emitiram notas de pesar lamentando a morte do artista. A Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA) e a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) emitiram nota destacando a carreira construída por Omolú. "Com uma história profissional de mais de 30 anos, iniciada como aprendiz de Mestre King e Emília Biancardi, este soteropolitano, ícone da dança brasileira, com carreira internacional reconhecida, era especialista em danças afro-brasileiras".

A nota ressalta ainda os projetos do artista. "Ao lado do curador artístico da companhia, Jorge Vermelho, estava vivendo um processo de transição para ocupar o posto de assessor artístico do grupo".
O Teatro Castro Alves também divulgou uma nota de pesar pela morte de Omolú. A nota trata o ator, dançarino e coreógrafo como referência mundial, considerando-o destaque "na construção, difusão e popularização da dança produzida na Bahia". O artista ingressou no grupo em 1981, ano de fundação do Balé do TCA, e integrou o elenco de diversas produções da companhia.


PASTORA EVANGÉLICA MANTINHA ÍNDIA EM REGIME DE ESCRAVIDÃO EM GOIÁS

Edição:Adilson Gonçalves Fonte:Brasília em Pauta 
No Antigo Testamento da Bíblia, no livro de Levíticos, capítulo 24 está escrito: “E quanto a teus escravos, serão das nações que estão ao redor. Deles comprareis escravos e escravas(...) E possui-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós; perpetuamente os fareis servir”. Em Goiânia, no estado de Goiás, uma pastora evangélica levou essas palavras ao pé da letra e mantinha uma criança indígena de 11 anos como escrava. 
O Ministério Público Federal em Goiás fez a denúncia, acusando a líder religiosa. De acordo com o MP-GO, no período de maio de 2009 a novembro de 2010, a menina era forçada a trabalhos domésticos, com jornada excessiva. Não foram divulgados nem a entidade da religiosa, nem seu nome e o do templo em que pregava. Segundo o procurador da República Daniel de Resende Salgado, a mulher submetia a menina à condição de escravidão, durante um ano e seis meses, prejudicando seu desenvolvimento.
A menina é da etnia Xavante, da aldeia indígena de São Marcos, em Barra dos Garças (MT) se mudou para Goiânia com o pai e a irmã, para buscar de tratamento médico. Na chegada, a família se hospedou na Casa de Saúde do Índio, mas o homem procurou apoio material e religioso, e foi indicado a procurar a Igreja conduzida pela pastora, que se ofereceu para receber a menina, prometendo habitação e educação. 
Denúncia e investigações - De acordo com a denúncia a criança foi obrigada a realizar trabalhos domésticos na casa da pastora. Durante muitas horas ela fazia serviços como limpar banheiros, o chão, lavar e passar roupas, lavar louças e cozinhar, utilizando instrumentos perigosos para sua idade, como ferro de passar roupa e materiais cortantes na cozinha. Consta ainda que a garota era forçada a trabalhar mesmo doente, sofria ameaças de castigos corporais, não era remunerada pelos serviços prestados, além de ser obrigada a entregar panfletos da igreja, à noite, nas ruas e praças da cidade.
O caso foi descoberto quando professoras da escola pública onde a garota estudava perceberam seu comportamento tímido e alguns hematomas. Além disso, ela quase nunca conseguia fazer as atividades e tarefas escolares em casa e registraram o fato na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que ao identificar crime federal, encaminhou o inquérito ao MPF. Segundo o procurador do MP-GO, a suspeita já prestou depoimento e negou as acusações.
A criança foi ouvida na presença de membros do conselho tutelar e Fundação Nacional do Índio (Funai) e confirmou a denúncia. A menina foi devolvida à família e retornou com os pais para o Mato Grosso no fim de 2011. Caso a denúncia seja aceita pela Justiça, a mulher deve responder pelo crime de " reduzir alguém à condição análoga de  escravo , previsto no artigo 149, do Código Penal e pode pegar pena de até 16 anos de reclusão, se condenada.
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