quarta-feira, 16 de novembro de 2011

LÁZARO RAMOS ENTREVISTA CAÓ PARA A ABERTURA DA SEXTA TEMPORADA DO PROGRAMA ESPELHO NO CANAL BRASIL

Textos, fotos e edição: Adilson Gonçalves

Na manhã de terça-feira, dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República,  Carlos Alberto Caó foi a Santa Teresa , no centro do Rio, gravar o programa Espelho, apresentado pelo ator Lázaro Ramos  na tv fechada Canal Brasil. Durante a entrevista,  Caó falou de sua infância e juventude em Salvador, da ida para o Rio de Janeiro , sua vida como jornalista, deputado federal e secretário de Trabalho e Habitação por duas vezes no Governo Leonel Brizola e sobre os 70 anos que serão completados no dia 24 de novembro.
 Falando sobre as reminiscências de sua infância, Caó  revelou  que sua primeira contestação a um ato de racismo sofrido por ele ocorreu no tradicional colégio soteropolitano Antônio Vieira, no qual sua mãe, costureira da alta sociedade baiana, conseguira,  através de  algumas  de suas clientes, matriculá-lo, onde era   o único aluno negro:
- Todo ano uma peça era encenada e por dois deles, fui escalado para interpretar o personagem do diabo.  Na segunda vez eu me recusei e joguei
 mercúrio cromo nas paredes do colégio. Minha mãe foi chamada à escola e comunicada do meu ato.  Ao chegar em casa ela falou que meu pai resolveria a questão quando voltasse do trabalho. Meu pai, Themístocles era marceneiro e um homem de poucas palavras e com um cinto de couro de dois dedos de espessura. Com medo, fugi de casa, mas voltei, me escondendo dentro dela. Quando ele chegou e minha mãe falou com ele, fui chamado. Com muito medo da surra, saí de onde estava escondido e me apresentei  ao meu pai. Ele me perguntou o por quê  da peraltice e eu disse a ele que estava cansado de ser escalado para interpretar o Diabo e  eu queria ser  Deus, o que nunca deixavam.  Meu pai concordou comigo e a surra não aconteceu- contou  Caó.
Ele falou ainda de detalhes da primeira visita ao Brasil, em 1991, do recém-libertado Nelson Mandela, revelando  ainda que a vinda do líder negro ao  país chegou a ser cancelada pelos seus seguranças:
- Acho que em maio, três meses antes da visita de Mandela ao Brasil,  na secretaria de Trabalho e Habitação recebi um telefonema de Howard Shapiro, então adido cultural da embaixada  americana no Rio de Janeiro. Ele me convidou para almoçar. Fui e ele me perguntou se nós do movimento negro estávamos programando alguma manifestação política quando da vinda do Mandela em agosto. Eu disse a ele que sequer sabia da visita, o que realmente era verdade, e muito menos de um ato político. Aí eu percebi que ele era agente da CIA.  Antecedendo à  vinda de Nelson Mandela, convidado pela Comissão Legislativa do Senado,  os seguranças dele  haviam chegado  ao Brasil no final de julho para avaliar as condições de estadia e locomoção, como acontece quando da visita de qualquer autoridade ou figura pública mundial. Mas eu desconhecia este fato. Um dia alguém ligou para a secretaria e relatou  as condições em que o seguranças  dele estavam hospedados: no Hotel Ambassador – Centro do Rio -, sem direito a telefone e frigobar. Eles estavam furiosos  e já haviam reprovado a visita de Mandela ao Brasil. Fomos até lá, conversamos com eles e os convencemos a reavaliar a  situação e os  levamos para outro lugar mais confortável, o Othon, estrategicamente perto da casa do Brizola. Neste meio tempo, viabilizamos meios para a estadia de toda a comitiva. Me orgulho muito disto- , disse Caó.
Conterrâneos e quase parentes, nos intervalos das gravações Lázaro e Caó falavam sobre conhecidos comuns, dando um total clima de descontração à gravação. A entrevista com Caó está prevista para ser o programa de abertura  da sexta temporada, em março de 2012. O programa Espelho é exibido às segundas-feiras, as 21 h 30 min pelo Canal Brasil e reprisado às terças-feiras, às 16 horas,  sábados às 12 h 30 min, em horário alternativo.
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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CINZAS DE ABDIAS NASCIMENTO SÃO DEPOSITADAS NA SERRA DA BARRIGA, UNIÃO DOS PALMARES, AL, ONDE ZUMBI RESISTIU À ESCRAVIDÃO

Léa Garcia, Bida Nascimento e Elisa Larkim  do Nascimento depositam
as cinzas de Abdias onde também foi plantado um pé de baobá

Fonte: Acontece
Uma cerimônia ocorrida neste domingo, 13 de Novembro de 2011, homenageou o ativista negro, e ex-senador Abdias Nascimento, onde suas cinzas foram depositadas na Serra da Barriga, município de União dos Palmares, um local simbólico, que reflete a luta dos negros pela liberdade, por quase um século.
Diversas autoridades se fizeram presentes ao evento, como também caravanas de vários estados brasileiros, religiosos de matriz africana e personalidades dos Estados Unidos e Nigéria. Como também o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viegas, o secretário de Cultura de União dos Palmares, Elson Davi, a ministra da Igualdade Racial, Luíza Bairros, a secretária de Estado da Mulher, Kátia Born, a ex- esposa de Abdias e atriz da Rede Globo, Léa Garcia, além de outras autoridades.
O início das homenagens foi marcada pelos discursos das autoridades e familiares, que lembaram a importância da vida e obra do ativista negro, no Brasil e no mundo. Abdias foi jornalista, professor, deputado federal, senador e assumiu outros cargos de relevante importância, e teve sua vida marcada pela luta no combate ao racismo e a implantação de políticas públicas para inclusão dos afro-descentendes brasileiros.
Nigerianos homenageiam ativista
O Poema Escalando a Serra da Barriga, de autoria de Abdias, foi ressitado pelo ator Chico de Assis, num momento emocionante, que lembrava a saga de um povo que ainda hoje sofre por causa da cor.
A viúva e última esposa de Abdias, Elisa Larkin, esteve junto de seus familiares na cerimônia, onde prestou várias homenagens ao seu ex-esposo.
Religiosos de matriz africana realizaram diversas homenagens, sob a percussão dos tambores que cultuavam os antepassados de sua cultura. O momento célebre do evento foi a deposição das cinzas de Abdias Nascimento, no local onde foi plantada uma muda de baobá, árvore sagrada na cultura negra. O local próximo a lagoa dos negros, será transformado num espaço, que lembrará a importância do ativista.
Também foi plantada próximo ao baobá, uma muda de gameleira branca, árvore também considerada sagrada pelos negros.
Elói Ferreira, presidente da FCP
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Elói Ferreira, destacou a importância de Abdias como marco no combate ao racismo e na luta pela igualdade dos povos. Elói frisa o momento histórico, onde o desejo do ativista de ter suas cinzas depositadas num local sagrado, "As cinzas de Abdias irão se encontrar com os espíritos de todos os quilombolas, que derramaram o seu sangue aqui na Serra da Barriga", disse.
O presidente da Palmares acrescenta ainda, que o escritório da Fundação em União dos Palmares, que abrange os estados de Alagoas e Pernambuco, será transformado num centro referencial na divulgação da cultura negra. Elói destaca que o acesso ao Parque Memorial não está esquecido, "Estamos empenhado na construção da estrada de acesso a Serra, temos muito trabalho que renderá bons frutos", concluiu.
Para Genisete Lucena, chefe da Representação da Palmares em Alagoas e Pernambuco, a celebração da Vida e Obra de Abdias Nascimento, vem a mostrar o quão importante é esse evento num local considerado sagrado. Questionada sobre as festividades do mês da consciência negra, que culmina