quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CAÓ COMPARECE À CERIMÔNIA DE ENTREGA DO DIPLOMA LÉLIA GONZALEZ, CONCEDIDO ÀS MULHERES NEGRAS MILITANTES DA BASE


               Foto, texto* e edição: Adilson Gonçalves

/* Imprensa CUT RJ
 Com a presença de Carlos Alberto Caó, a CUT-RJ realizou em seu auditório central, na última terça-feira, 13 de setembro, a entrega do diploma Lélia Gonzales, concedido, conforme explicou Glórya Ramos, coordenadora da Secretaria de Igualdade Racial da CUT RJ, "às mulheres negras trabalhadoras que militam nas bases". Esta foi a segunda edição da homenagem da CUT às mulheres negras com papel destacado na luta em defesa da classe trabalhadora e contra discriminação racial. A atividade foi precedida por uma reunião do Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-RJ. 
Na abertura dos trabalhos, a secretária do Combate ao Racismo da CUT-RJ, Glórya Ramos, lembrou a luta histórica da mulher negra para criar filhos, trabalhar, se formar e lutar pela emancipação e pelo empoderamento no Brasil e no mundo, enfatizando o papel de Lélia Gonzales na demarcação dos interesses específicos da mulher negra no âmbito da luta feminista.

Marcaram presença também a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RJ, Virgínia Berriel, a secretária da Juventude, Greice Assis, o secretário de Relação de Trabalho, Marcello Azevedo, e o diretor Jadir Baptista, que fez uma saudação em nome da direção da central.

Este ano as premiadas com  o diploma Lélia Gonazales foram Delfina de Souza (que não pôde comparecer e foi representada por Leila Santos, do Sindpd-RJ); Ilma de Souza, que agradeceu a Deus e a seus familiares, "especialmente a meu filho e a todos os afrodescendentes por eu ter chegado até aqui; "Edna Sacramento (agraciada pela segunda vez), do Sinttel, que fez um relato de sua trajetória de lutas partir da constatação de que é como portadora de LER (Lesão por Esforços Repetitivos); Selma Balbino (também premiada de novo), presidente do Sindicato dos Aeronautas, que denunciou preconceito racial por parte de integrante de sua própria categoria, quando manifestou a intenção de se lançar candidata a presidente de sua entidade; e Luiza Dantas, do Sintsaúde, que fechou seu discurso, como última premiada da noite, de uma forma que tocou a todos:

- Como mulher negra, que passou por tantas dificuldades na vida, cansada de ser a última da fila, hoje eu faço a minha própria fila: "Sempre que estou com sede, na rua, a minha preferência para comprar uma água mineral, por exemplo, é por uma vendedora ambulante negra. Eu formo a minha própria fila. E as mulheres negras estão em primeiro lugar na minha fila - proclamou Luiza.
Intelectual, política, professora e antropóloga brasileira, nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, Lélia Gonzalez( 01/02/1935 – 10/07/1994) tornou-se figura emblemática nos movimentos feminista e negro brasileiros, por sua luta no combate à violência contra a mulher, notadamente a violência sexual e doméstica e contra o racismo. Filha de um ferroviário negro e mãe de origem indígena, e penúltima de dezoito irmãos, migrou para o Rio de Janeiro (1942). Pioneira nos cursos sobre Cultura Negra, com destaque para o 1º Curso de Cultura Negra na Escola de Artes Visuais no Parque Lage, doutorou-se em Antropologia Social, em São Paulo, e dedicou-se a pesquisas sobre a temática de gênero e etnia.

Militante do movimento negro, ela teve fundamental atuação em defesa da mulher negra. Foi suplente de deputado federal (1982) e de deputado estadual (1986). Participou da primeira composição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, o CNDM (1985-1989). Grande incentivadora das tradições afro-brasileiras, pertenceu ao Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombos, que fazia seu carnaval atendo-se às raízes do velho samba carioca e foi uma das fundadoras do grupo Olodum, de Salvador, Bahia.

Ela faleceu vítima de problemas cardíacos, no Rio de Janeiro, aos 59 anos. Atuou nas universidades brasileiras por mais de 30 anos, até seu falecimento. Em seus últimos dias, foi eleita, por reconhecimento de sua competência, Chefe do Departamento de Sociologia, da Pontifícia Universidade Católica, a PUC, Rio de Janeiro. Em seus escritos destacaram-se os livros Lugar de Negro (1982), com Carlos Hasenbalg, e Festas Populares no Brasil, premiado na Feira de Frankfurt.