sexta-feira, 24 de junho de 2011

SEMINÁRIO CONVERSANDO COM A HISTÓRIA ENFOCA A IMPRENSA RACISTA DO SÉCULO PASSADO


Último encontro do semestre, o seminário abordou
 o tema discurso sobre o negro na imprensa baiana 
Fonte: Fundação Pedro Calmon
Motivadas por teorias racistas de estudiosos como Afrânio Peixoto, Lombroso e Nina Rodrigues, a imprensa pregava o não reconhecimento do ser negro. Fatos noticiados da mídia entre o ano 1888 e 1937 foi tema principal do último encontro do semestre do Curso Conversando com sua História. O evento realizado na última terça-feira, 21 de junho, promoveu um intenso debate entre palestrante e o público, na Sala Kátia Mattoso da Biblioteca Pública. A abordagem histórica e objetiva da professora Meire Lúcia Alves esmiuçou detalhes importantes incluídos em seu trabalho de pesquisa “A cor da notícia: discursos sobre o negro na impressa baiana (1888-1937)”. Centralizadas nas questões raciais e tendo como foco principal as mulheres negras, a autora revelou uma imprensa tendenciosa de caráter intolerante, machista e totalmente racista. 
Estudo - Após realizar uma pesquisa minuciosa em dois jornais que circularam entre o século XIX e XX, o Diário da Bahia (1865) e o Diário de Noticias (1875) e dois dos últimos séculos A Tarde (1912) e o Estado da Bahia (1933), a autora destacou em temas como: a religiosidade, a saúde, gênero e as manifestações culturais negras e indígenas como de maior intervenção negativa dos meios de comunicação da época, apontando o racismo como fator preponderante para a discriminalização do negro. “A imprensa exigia diariamente uma presença mais atuante da polícia para punir exemplarmente os sambas, candomblés e batuques. Além de caracterizar as mulheres negras de “mulheres que tem cabelos nas ventas” pelo comportamento mais autônomo e independente, algo não aceito pela sociedade machista da época”, afirma.
Práticas de racismo - Meire ainda destaca que a imprensa não se limitava só em informar, como também difundir idéias de interesse próprio. “A cultura negra era vista como caricatura. Mesmo em ebulição permanente, as expressões negras não aparecem nos jornais. E quando acontece é como bárbaros, incapazes. Só a partir dos anos 1930 o samba e visto como um evento social”, enfatiza Meire.
Atualmente - Quando os questionamentos sobre a imprensa são voltados para uma perspectiva mais atual, Meire faz comparações de noticias da época com as atuais e assegura a pouca existência de novidades quando a questão é sobre a violência, a mulher e a saúde da população negra. “A imprensa modifica o discurso para justificar a violência. É melhor enfocar nas mortes de trânsito, por um ponto de vista mais lucrativo do que nos extermínios ocorridos nas periferias. Em alguns casos é melhor trabalhar com os resultados que as prevenções”, disse.
          Promovido desde 2002, o curso oferece aulas gratuitas e semanais ministradas por diferentes historiadores e pesquisadores. No próximo mês de julho, o projeto entrará em recesso, só retornado no mês de agosto e as aulas passaram a ser ministradas TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, às 17h
Fundação Pedro Calmon – SecultBA (71) 3116-6918/ 6919/ 6676
http://www.fpc.ba.gov.br
http://www.cultura.ba.gov.br/

ABDIAS NASCIMENTO DARÁ NOME A LOGRADOURO PÚBLICO NO RIO DE JANEIRO


Ativista dará nome a logradouro público no Rio de Janeiro

O vereador Dr. Edison da Creatinina (PV) apresentou Projeto de Lei n° 986/2011 que dá nome de Senador Abdias do Nascimento a um logradouro público no Município. O Poder Executivo fica responsável pela escolha do local a ser homenageado com o nome do ex-Senador.

Édison da Creatina, autor do projeto

A escolha por Abdias se deu devido a ações realizadas por ele em prol do combate ao racismo, pela igualdade racial e inclusão social. “Nomear um logradouro público no Rio de Janeiro será mais uma forma de se preservar o nome deste grande defensor da civilidade nacional. Presta-se, assim, uma justa e merecida homenagem a este homem público, combatente das injustiças e pela promoção dos direitos humanos, e a seu compromisso por uma sociedade justa e igualitária”, afirma o vereador.
Formado em Economia pela Universidade do Rio de Janeiro, artista plástico, escritor, poeta e dramaturgo, Abdias do Nascimento chegou a ser professor emérito da Universidade do Estado de Nova York e, ainda, instituiu a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo no Centro de Estudos Porto Riquenhos.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

TVE PROMOVE DEBATE E EXIBE FILME SOBRE O LEGADO DO NOSSO ETERNO LÍDER, ABDIAS NASCIMENTO, NESTE SÁBADO, DIA 25

Abdias Nascimento: debate e exibição
de documentário neste sábado, na TVE
No sábado (25), às 22h, a TVE realiza debate sobre o legado do ativista Abdias Nascimento. Foram convidados para participar da discussão Antônio Carlos Côrtes, advogado e radialista, Luis Alberto da Silva, advogado e sociólogo e Eni Canarim, da Associação Gaúcha de Mulheres. Os três participantes falam sobre o Movimento Negro no Brasil, a contemporaneidade das causas defendidas por Abdias e a presença do negro na sociedade.
Logo após o debate, a TVE exibe, às 23h, o filme Abdias Nascimento - Memória negra. Esse documentário conta a trajetória de Abdias Nascimento, histórico militante negro, nascido em 1914, cuja obra e atuação política ao longo do século 20 são essenciais para a compreensão da importância do negro na sociedade brasileira. Abdias Nascimento morreu em maio deste ano, aos 97 anos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

BAHIA SERÁ A SEDE DO ENCONTRO MUNDIAL DO ANO INTERNACIONAL DOS AFRODESCENDENTES

A capital baiana vai sediar nos dias 17,18 e 19 de novembro o Encontro Mundial em Comemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes.  A decisão foi  tomada durante a segunda reunião preparatória do encontro. O evento contou com a presença do embaixador especial da Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib), Juca Ferreira, e o secretário estadual para Assuntos Internacionais e da Agenda Bahia, Fernando Schmidt, que coordenou a reunião.
Segundo o secretário, ainda serão definidos os grupos de trabalho que ficarão responsáveis por organizar o local do encontro, os temas que serão debatidos e a programação cultural. Ele afirmou que a expectativa é de que o encontro, realizado na capital baiana, vá além da III Conferência Internacional sobre Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, realizada, sob a coordenação das Nações Unidas, em Durban, na África do Sul, em setembro deste ano.

Ban Ki-moon, demonstrou interesse 
em participar do encontro em Salvador.

Devem participar do encontro mundial políticos e representantes de movimentos sociais e chefes de Estado de diversos países com população afrodescendente, como Cuba, Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Panamá, Caribe e México, além de reunir autoridades de países africanos.
Juca Ferreira disse que tem mantido contato com chanceleres, ministros, dirigentes políticos e de movimentos sociais de países afrodescendentes, a fim de mobilizá-los para o encontro que será realizado na capital baiana. "Todos têm demonstrado interesse em participar".
- Todas as viagens que fiz valeram a pena. Irei a outros países, mas nos que já estive consegui ter resultados positivos. Todos os representantes da sociedade demonstram preocupação com a questão da inclusão racial e sugerem temas para serem discutidos. Eles estão muito empolgados por o encontro ocorrer no Brasil e, principalmente, por ser sediado em Salvador, local considerado por eles capital negra dos países afrodescendentes", declarou Juca Ferreira. Ele  aproveitou para informar que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, demonstrou interesse em participar do encontro em Salvador.

CINZAS DE ABDIAS NASCIMENTO SERÃO LEVADAS À SERRA DA BARRIGA EM 13 DE NOVEMBRO, INFORMA A FAMÍLIA

Abdias: família pede sugestões sobre memorial
  e plantio de árvores em Alagoas, dia13 de novembro
A família de Abdias Nascimento e o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro Brasileiros Ipeafro, instituição que ele criou e presidiu até o dia de sua morte, marcaram para o dia 13 de novembro a realização do desejo dele, expresso em vida: suas cinzas serão levadas à Serra da Barriga, local histórico da construção da vida em liberdade dos africanos e seus descendentes no Brasil e nas Américas.
Durante o velório, recebemos a proposta do movimento negro e da sociedade civil a proposta de se erguer um marco no local e de se plantar um pé de baobá. Na missa de sétimo dia rezada pela Ordem Terceira Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em Salvador, surgiu a ideia de se plantar também um pé de iròkò. Nosso desejo é acolher essas sugestões.
Pessoas representativas de todos os setores do movimento social negro e de outras instâncias da sociedade civil manifestaram o desejo de participar desse momento de depósito dos restos mortais de Abdias na Serra da Barriga. Para nós será um conforto estar com nossos amigos, amigas, companheiras e companheiros.
Fonte: Unifem